23 de mar. de 2011

16 - Produzindo Jaguara - Fazendo testes de traço

Toykobé!
Hoje vou postar algo direto e sem delongas.
Estou esboçando e praticando algumas poses com a Jaguara, pois pretendo fazer desenhos um pouco mais limpos para colorir direto sobre o lápis.
Fiz um desenho da Jaguara numa pose tipo pinup mesmo e vou testar algumas formas de pintura digital.
Assim que as fases de pintura deste desenho forem acontecendo, vou postando aqui.
Por hora, coloco apenas o desenho no lápis:


As texturas de árvores vou procurar usar mais linhas irregulares e desconexas, para realçar e mostrar que é orgânico mesmo. Frank Frazetta, Boris Vallejo e Moebius são mestres neste tipo de texturas e certamente, exemplos constantes de referência visual.
Como já tinha dito no post anterior, Greg Capullo ainda me agrada bastante como desenhista e alguns trabalhos seus (principalmente em Spawn) eu geralmente consulto também.
Gostei do resultado deste desenho, pois acredito que estou no caminho certo para deixar o desenho da Jaguara do jeito que eu quero e, desta forma, ajudar a evoluir melhor o meu próprio estilo.
É isso! Até breve e obrigado!

Valeu!!!

17 de mar. de 2011

15 - Produzindo Jaguara - Evolução do traço

Toikobé!
Sempre que leio uma HQ ou vejo algum desenho animado (animação 2D e 3D), fico imaginando o processo de criação, da ideia inicial aos primeiros esboços e desenvolvimento da história e dos personagens.
É interessante entender o processo que aqueles artistas ou artista fizeram para chegarem ao seu produto final.
A Jaguara foi criada em 1995 (na mesa da cozinha da minha mãe...) e era, como a maioria das criações de personagens, um pouco, na verdade, muito diferente do visual que ela tem hoje.
Vasculhando meus desenhos e esboços da época, encontrei (e quando falo que encontrei, é porque encontrei mesmo!) alguns desenhos que mostram a linha de evolução do traço da Jaguara, que segue abaixo:


Jaguara em 1995 - Primeiro desenho completo da personagem, com um visual atlético mas com vestimentas totalmente erradas para a proposta de seu universo. Claro que percebi isso depois de algum tempo após admirar este desenho por alguns meses...

Jaguara 1996 - Neste desenho, ela já tem a vestimenta "diminuída" por assim dizer, inclusive com detalhes de pele de onça. Mas possuiu um tipo de bota que ainda não se encaixava com a proposta. Pergunta: "Mas você não percebeu isso quando desenhou essas botas nadahaver?" - Resposta do desenhista iniciante: "Não..."

Jaguara 1997 - Agora sim ela adquire o visual quase definitivo. Nessa época, após muitas conversas com o Prof. Eduardo Navarro e depois de mostrar para algumas pessoas, cheguei nesta versão que me deixou mais realizado e próximo do que realmente eu queria para a personagem.


Jaguara 2004 - Este desenho foi o último da última página do primeiro livro "Jaguara - Guerreira e Soberana" que fiz 4 meses antes de publicá-lo pela Via Lettera (19 de abril de 2005). Essa pose imponente e o visual de guerreira e soberana é o que espero continuar transmitindo nos próximos livros.

Esta evolução ainda continua, pois em meu primeiro livro, fui muito influenciado pela linha Image de quadrinhos, em especial pelos desenhos e narrativa do desenhista americano Greg Capullo nos primeiros 3 capítulos do livro que os desenhei, respectivamente, em 1998, 2000 e 2003. Em 2004, fui mais influenciado pelos desenhos de John Buscema e Cláudio Castellini e procurei usar uma narrativa mais acadêmica, certinha.
A Jaguara deverá ter pequenas mudanças em sua vestimenta, principalmente em sua tanga, que convenhamos (e eu não tinha me ligado nisso antes...) é inverossímil para suas façanhas atléticas. Culpa das fitinhas da Angela desenhada pelo Capullo...
A pergunta que fica, após esta explicação é: "Você copia o estilo de outros desenhistas?" e minha resposta é "Por enquanto sim!". Mas deixa eu finalizar esta afirmação: Todo desenhista iniciante, para evoluir, além de muita prática e treino, deve se basear naqueles que tem mais experiência. Creio que é até uma questão desse desenhista se descobrir e ver qual estilo geral (herói, cartoon, mangá, europeu, erótico, estilizado etc) lhe é mais natural de fazer. Dentro do estilo geral, ele deve apreciar estilos pessoais de desenhistas profissionais e isso não é pecado ou falta de criatividade visual. De forma alguma! Mas essa descoberta pelo seu estilo é válida como experiência. Certamente, após muita prática, o estilo pessoal desse desenhista iniciante irá aflorar e quando isso acontecer, ele já será um profissional com certa experiência. E provavelmente, a partir desse ponto, será reconhecido pelo seu traço. Tenho essa pretensão, mas por enquanto quero focar em ser reconhecido pela minha personagem fazendo o melhor que posso com a prática e habilidade que tenho hoje. Produzir ainda é o melhor jeito de evoluir!
Obrigado pela atenção!

Valeu!

9 de mar. de 2011

14 - Produzindo Jaguara - Livros, livros, livros...

Toikobé!
Vou mostrar um pouco dos materiais de pesquisa que usei e uso como referência para construir as aventuras da Jaguara.
Hoje, a internet é uma fonte inesgotável de pesquisa e um grande aliado do ilustrador na hora de criar e desenvolver seus personagens. Mas bons livros são essenciais para uma pesquisa consistente e detalhada. Separei então alguns livros (os mais usados) que são minha fonte permanente de leitura:


1 - AMAZÔNIA - O Desafio dos Trópicos, Jarbas G. Passarinho, Primor, Rio de Janeiro, RJ, 1971. Livro que descreve um pouco da história da Amazônia com excelentes fotografias. Descrições das fotos em Português, Inglês e Francês.

2 - ANTOLOGIA DO FOLCLORE BRASILEIRO, Luiz da Câmara Cascudo, Livraria Martins Editora, São Paulo, SP, 1943. Neste livro de 1943, Câmara Cascudo faz um levantamento dos relatos escritos por cronistas  coloniais entre os séculos XVI a XX além de viajantes estrangeiros e estudiosos do Brasil.

3 - MÉTODO MODERNO DE TUPI ANTIGO, Eduardo de Almeida Navarro, Petrópolis, RJ, 1998. Primeiro livro didático de Tupi Antigo, língua falada largamente no Brasil até metade do século XVII. Escrita pelo Prof. Eduardo Navarro que também participa das traduções e adaptações nos livros da Jaguara, esta obra é uma das únicas em todo o Brasil. Livro de cabeceira.

4 - XINGU, Orlando Villas Boas e Claúdio Villas Boas, Zahar Editores, Rio de Janeiro, RJ, 1972. Livro que fala sobre as tribos que vivem no Parque do Xingu, focando seus hábitos, cultura e mitos.

5 - LENDAS E MITOS DO BRASIL, Theobaldo Miranda Santos (com ilustrações do mestre Manoel Victor Filho), Companhia Editora Brasil, São Paulo, SP, 1992. Fala sobre lendas e mitos por regiões do Brasil.

6 - CULTURA INDÍGENAS DO BRASIL, Aurélio M. G. de Abreu, Traço Editora, São Paulo, SP, 1987. A obra fala de civilizações antigas e suas influências e raízes em nossa cultura indígena atual.

7 - ÍNDIOS DO BRASIL, Julio Cezar Melatti, Editora Universidade de Brasília, Brasília, DF, 1987. Livro enfoca e descreve uma visão da cultura indígena mais próxima da realidade. Livro com informações preciosíssimas.

8 - ORLANDO VILLAS BÔAS - Histórias e Causos, FTD, São Paulo, SP, 2005. Autobiografia do indigenista, falecido no dia 12 de dezembro de 2002. Esta obra foi finalizada com a colaboração de sua esposa Marina, que tive a honra de conhecer e de seus dois filhos Orlando e Noel. Obra que retrata as aventuras e descobertas de Orlando, coroando sua inestimável contribuição para nossa cultura e sociedade.

Claro que tive outras muitas fontes de pesquisa, mas estes livros foram os principais realmente.
Mesmo que não tenhamos intenção de criar ou contar uma história de teor altamente histórico e didático, é importante na minha opinião, fazermos uma pesquisa sobre aquilo que queremos mostrar.
E posso garantir que conhecemos muitas pessoas bacanas e interessantes neste processo de busca por informação. Me sinto orgulhoso das pessoas que conheci através de meu projeto como o prestigiado Prof. Navarro, que hoje é meu amigo e tantas outras pessoas importantes que fizeram parte desta descoberta.
Realmente vale o esforço, interesse e capricho!
Obrigado pela atenção!
Valeu!

3 de mar. de 2011

13 - Produzindo Jaguara - Retomada!

Toikobé, caros amigos!
Após alguns longos e inesperados anos, volto neste blog para continuar descrevendo o processo de produção do livro 2 da Jaguara, intitulado "O Segredo dos Guarini'kai".
Durante este tempo, este autor que vos fala continuou com suas multi-tarefas, como é comum à criadores de personagens. Finalizei uma faculdade de Educação Artística e editei um jornal para crianças durante 3 anos chamado "Eureca! SuperKids". Atualmente estou trabalhando na área de Comunicação de uma renomada editora de livros técnicos e científicos. Muitas coisas me impediram de continuar a produzir a Jaguara, mas finalmente, tudo entrou nos eixos novamente e cá estou cuidando com empenho e muito carinho da minha personagem predileta.
Falando da produção, atualmente estou revendo o enredo e as páginas esboçadas do livro 2, algo normal, já que geralmente o primeiro esboço da história sai com mais páginas do que deveria.
Mas antes de falar nisso, gostaria de mostrar a todos um pouco das referências e pesquisas que me ajudaram a desenvolver e definir o universo da Jaguara.
Aliás, neste novo blog, coloquei posts antigos, desde 2005, para quem quiser rever ou descobrir o que já foi feito durante este tempo.
Bom, a Jaguara foi uma ideia que nasceu em 1995, na mesa da cozinha da minha mãe. Fiz vários esboços para idealizá-la mas somente em 1996, quando conheci o Daniel Vardi e o professor Eduardo Navarro que a Jaguara se torno visualmente e conceitualmente definida. Mas o que eu realmente quero mostrar hoje é algumas imagens da tribo dos Krenakores ou Panarás, conhecidos como índios gigantes, que me baseie e fundamentei a origem da Jaguara. Eles eram chamados de Kren-a-karore pelos inimigos Txucarramães e por outras tribos, mas se auto intitulavam Panarás. Essa tribo era conhecida a muito tempo, muito tempo mesmo exatamente por sua extravagância genética, pois haviam rumores entres muitas tribos brasileiras que estes índios passavam de 2 metros de altura!
Como é isso? Índios com 2 metros de altura sendo que a maioria da população indígena brasileira está em torno de 1,62 m?!?!?!
Os Panarás eram os últimos descendentes dos Kayapós do sul, grupo nômade que falava uma língua da família Jê e habitava o Brasil Central, no século XVIII, do norte de São Paulo até o Mato Grosso. Lutaram muito contra os portugueses nessa época.
Pesquisando, descobri que em 1973, o indigenista Orlando Villas Bôas e seu irmão Cláudio Villas Bôas, após muitas tentativas, conseguiram finalmente um contato direto com essa tribo arisca. Orlando afirma que a maioria tinha uma estatura muito abaixo do que ele esperava, mas tinha realmente um grupo de guerreiros que passava de 2 metros de altura.
Infelizmente, logo após o contato com nosso magnífico povo "culturado" branco, eles começaram a ficar doentes e a morrerem aos montes. De 400 Panarás sobraram apenas 79 até que em 1975 e após muito esforço de Orlando e Cláudio e da própria Funai, eles foram transferidos para o Parque do Xingu e hoje já tem quase a população original. Seguem algumas fotos impressionantes que a expedição de Orlando tirou na época:



Foto tirada por Pedro Martinelli de avião do primeiro avistamento da tribo dos Panarás.



Foto do primeiro Krenakore avistado pela expedição chamado Sôkriti, tirada pelo famoso fotógrafo Pedro Martinelli.


A foto acima estampou a capa de vários jornais na época. Exemplar de "O Globo".


Dois jovens índios Panarás, que segundo relatos, eram alguns dos poucos extremamente altos. Percebe-se nessas fotos (acima e abaixo) o porte atlético que tinham.


Foto de Orlando (1,72 m) aplicando vacina no índio Panará Mengrire de impressionantes 2,06 m de altura.


Índio Panará carregando sacos de farinha para trabalhadores de estrada. Início de contágio de diversas doenças que viriam a dizimá-los quase completamente.

A história desse valoroso povo me impressionou, tanto pelo misticismo em torno de sua altura quanto pela sua real grandeza: de lutar por seu espaço e por se manterem vivos. Realmente eram gigantes em todos os sentidos.
Quando me deparei com isso tudo, modestamente quis prestar minha homenagem trazendo o nome e a bravura deste povo para o universo da Jaguara.
Claro que minha proposta nunca foi ser totalmente fiel e didático ao tema, mas mesclar real com fictício e fundamentar da melhor maneira possível todo enredo das histórias da Jaguara com a nossa cultura.
Mostrar um pouco da pesquisa que um autor faz para dar vida ao seus personagens ajuda aos leitores e interessados a terem uma ideia do trabalho e dedicação que temos de ter para fazer algo bom e consistente, como em qualquer projeto ou trabalho em nossas vidas.
Este post de hoje, após este longo período de notícias, me deixa muito feliz por retomar a produção de forma constante e poder continuar o trabalho. Algumas boas novidades estão à vista e as contarei conforme for avançando na produção.
Por enquanto, agradeço a atenção e até a próxima!
Valeu!